A Alta Sensibilidade é manifestada de diferentes formas em cada um de nós. E isto tem um razão de ser, ou várias. Uma delas encontra-se no nosso passado.
Mas antes de tudo há algo a ter em atenção:
Por vezes, pode haver a tentação de usar o rótulo de Pessoas Altamente Sensíveis (PAS) como um motivo de separação, ou de vitimização, ou de completa identificação de toda a nossa pessoa à volta deste traço de personalidade (mais precisamente, traço de temperamento já que nascemos com ele).
No entanto, não é aconselhável nos prendermos aos rótulos de forma a que limitem o nosso potencial. O que sim é sensato, é usar o conhecimento sobre o traço de alta sensibilidade para:
- Aprofundar quem somos,
- Porque é que sentimos assim,
- O que fazer para equilibrar ao máximo o sistema nervoso altamente sensível,
- Quais as práticas de autocuidado essenciais para viver em serenidade,
- Que estilo de vida está mais alinhado com as minhas necessidades, …, …
Embora a alta sensibilidade seja uma caraterística inata, ou seja, com a qual nascemos, o modo como ela vai se expressar em cada um de nós é diferente.
A antiga metáfora de <a mesma “tempestade”, barcos diferentes> ajuda-nos a entender que a sensibilidade pode-se manifestar com distintas caras. Uns vão num barco estável e sólido que não se abala pelo vento, outros navegam numa casca de noz que vai ao sabor de cada onda.
E isto porque não somos apenas biologia e genética. O desenvolvimento do nosso sistema nervoso vai depender também de fatores externos como as nossas experiências, o nosso estilo de vida e a nossa educação.
De facto, na sua investigação a Dra Elaine Aron descobriu que o impacto de uma infância ou adolescência adversa é muito maior nas crianças altamente sensíveis. Entre as manifestações mais comuns de uma infância adversa (ex. abuso físico ou emocional, negligência, abandono, trauma) encontrava-se a ansiedade e a depressão.
Em resumo, se vivenciámos experiências dificéis numa idade precoce, a alta sensibilidade pode manifestar-se mais tarde em forma de desafio como a ansiedade ou a depressão.
Mas a boa novidade é que também se descobriu que as PAS prosperam em ambientes e experiências que apoiam a sua alta sensibilidade!
Assim, mesmo que não tenhamos a fortuna de ter vivido uma infância favorável para florescemos, podemos colocar a nossa intenção em iniciar aqui e agora a jornada de transformação para uma vida mais autêntica e alinhada. De transformar a nossa casca de noz num barco de força e descoberta. E, se bem que não possamos controlar os ventos, podemos ajustar as velas.
Podemos apostar nas nossas forças como: a paixão pelos nossos hobbies, a empatia pelo mundo, a sintonia com a natureza, a criatividade dos pequenos detalhes, as pequenas alegrias.
Se investirmos momentos de qualidade no nosso bem-estar, em acalmar a nossa mente, em rituais de auto-cuidado, etc. então a cara com a que sensibilidade se manifesta passa a ser (mais) sorridente. A minha professora de Tai Chi dizia: “Para onde vai a tua intenção, vai a tua energia!”.
Não sou o que me aconteceu.
Sou o que escolho tornar-me.
Carl Jung