Gestão de conflitos: 3 dicas para Pessoas Altamente Sensíveis

Gestão de conflitos: 3 dicas para Pessoas Altamente Sensíveis

Se há coisa que as Pessoas Altamente Sensíveis (PAS) tentam evitar a todo o custo são os conflitos com os outros. A tensão, o criticismo, as vozes altas, a perda de controlo, são alguns dos aspetos que nos fazem ter uma resposta emocional forte a estas situações. Então, o que ter em conta nestas alturas?

Uma razão pela qual as PAS evitam o confronto com os outros deve-se ao nosso alto grau de empatia. Pensamos em como o outro poderá se sentir, não queremos magoar ninguém, será que ele vai ficar ofendido? Estas são questões que nos passam pela cabeça nessas alturas.

Por outro lado, a intensidade emocional destes momentos também contribui para evitarmos estas situações a todo o custo. De facto, depois de um confronto precisamos normalmente de algum tempo para nos recompormos e recobrar energia.

Este artigo pode ajudar-te nessas ocasiões: 
Práticas essenciais de autocuidado para Pessoas Altamente Sensíveis

Finalmente, as PAS não são de respostas rápidas: como processamos tudo de forma profunda e intensa, levamos tempo para dar a resposta adequada. É como se tudo estivesse tão bem-arrumado a nível do cérebro, que levamos tempo a “abrir as gavetas” e aceder à informação que precisamos nessa altura.

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Então, tendo em conta estes detalhes, como dar a melhor resposta quando nos vemos perante situações potencialmente conflituosas?

Abaixo partilho contigo 3 aspetos importantes sobre o tema de gerir conflitos. Ao trazê-los à consciência estás a tomar o primeiro passo para os superar. Vamos lá!

  1. A ATITUDE PASSIVA-AGRESSIVA


    O comportamento passivo-agressivo deriva do medo de enfrentar um conflito de modo direto. Porém, funciona como uma bola de praia que se tenta empurrar para debaixo d’água, só para ela vir ainda com mais força ao de cima quando a soltamos.

    Não sei quanto a vocês, mas já me vi a ter uma atitude passiva-agressiva perante situações de confronto. Isto é, em vez de expressar as minhas necessidades / sentimentos / opiniões de forma direta, simplesmente calava-me e assentia. Mas o pior vinha depois: mais tarde ou mais cedo fazia comentários sarcásticos, ou recorria ao tratamento do silêncio, ou esquecia-me de algo que essa pessoa me tinha pedido. Esta era a minha forma de expressar a minha raiva / ressentimento / sentimentos negativos, de forma indireta (passiva) em vez de ser assertiva.

    Este padrão mudou quando descobri ser uma Pessoa Altamente Sensível. Na minha jornada comecei a identificar as minhas necessidades, trabalhar a minha autoestima e a minha autocompaixão, de modo a estabelecer limites saudáveis.

    Por isso, agora perante um confronto faço um esforço por expressar diretamente os meus sentimentos de forma aberta. E sim, por vezes também perco o controlo e grito — sou humana, ok? — e depois tenho de estar muito tempo para recuperar dessas emoções intensas. No entanto, apesar de tudo, para mim isso é melhor que engolir primeiro, ressentir depois, e ser hostil mais tarde.

    Além disso, quando as coisas não correm bem, tenho a autocompaixão de saber que estou numa jornada de crescimento espiritual e que não sou perfeita. Assim é!

  2. A PAUSA SAGRADA


    Num estudo de psicologia sobre conflito entre casais colocaram estes dentro de uma sala ligados a aparelhos que mediam as suas respostas fisiológicas (ex. ritmo cardíaco e respiratório, pressão arterial). Depois, deram-lhes um motivo de conflito. Quando a conversa já estava acesa, interromperam a experiência com a falsa justificação que os aparelhos não estavam a funcionar bem. Depois de uns minutos retomaram a experiência. Verificou-se assim que aquele momento de pausa permitiu que o conflito, quando retomado, fosse abordado de uma forma bastante mais calma.

    Outro artigo menciona a capacidade de acalmar o cérebro se durante o conflito tivermos a habilidade de praticar mindfulness (atenção plena): mantermo-nos presentes, libertar o juízo de valores, focarmo-nos no corpo, e fazer respirações profundas. Claro que isto é uma habilidade que requer prática e intenção, mas vale bem a pena começar a praticar, concordas?

    De facto, a Dra Elaine Aron — a psicóloga clínica que deu nome ao traço da Alta Sensibilidade nos anos 90 — refere que quando estamos num conflito onde começamos a perder o controlo, devemos pedir uns minutos de pausa. Podemos, por exemplo, explicar que naquele momento não conseguimos aceder ao melhor de nós.

  3. A PREPARAÇÃO & A COMUNICAÇÃO NÃO VIOLENTA


    Se sabemos de antemão que vamos enfrentar uma situação desafiadora que pode levar a um confronto, o melhor a fazer é nos preparamos para a ocasião.

    Por exemplo, agarra num papel e define bem o teu ponto de vista, o seu porquê, revê as objeções que possam surgir, etc. As PAS são ótimas em perceber todas as perspetivas!

    Também, aprender algo de comunicação não violenta é base na gestão de conflitos. Algo como “eu sinto…, quando tu fazes…, porque isso não preenche a minha necessidade de …”. Estamos assim a retirar-nos do papel de vítimas e a não responsabilizar o outro sobre o modo como nos sentimos. Passamos a atores da nossa vida e a assumir as nossas emoções.

    O livro Comunicação Não Violenta de Marshall Rosenberg é um bom ponto de partida. Aqui tens a versão em Português. Para quem prefere a versão original em inglês clica AQUI. Se estás no Brasil podes encontrar este livro na amazon do Brasil.

    Por último, não te esqueças de escutar em atenção plena e coração presente, o que o outro tem para dizer. Isso é importante!


    E se precisares de ajuda nesta jornada, estou aqui para te apoiar. Não estás sozinho!

Se as pessoas simplesmente perguntassem: “Estas são as necessidades de ambos os lados, estes são os recursos. O que pode ser feito para atender essas necessidades?”, o conflito seria fácil de resolver.

Marshall B. Rosenberg

E tu, identificas-te com alguns destes desafios? Já tinhas parado para pensar neles? Partilha na secção de comentários a tua experiência.

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Sofia Loureiro | BSc • MNat • PhD

Terapeuta Natural & Mentora de Pessoas Altamente Sensíveis • Autora • Palestrante

Especializada em Pessoas Altamente Sensíveis Certificação em PAS Nickerson Institute • Terapeuta da Dra Elaine Aron List

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2 thoughts on “Gestão de conflitos: 3 dicas para Pessoas Altamente Sensíveis

  1. Para mim ser P.A.S. muitas vezes é super desgastante, mesmo praticando estas dicas. Estas dicas, ajudam-me a que a minha interação com os outros “corra bem”…mas a verdade é que muitas vezes mesmo “correndo bem” – simplesmente me desgasta! E esse desgaste profundo e quase contínuo é algo que me gera muito mal-estar…

    1. Olá Paula,
      Obg pela sua partilha. As dicas que pode encontrar neste blog e em outras fontes são gerais. Depois cada pessoa, se sente que está a passar por uma fase difícil pode procurar o apoio com que mais se identificar. No meu caso, dou consultas para PAS em que incluo práticas de saúde natural, psicologia positiva e mindfulness. Mas existem outras terapias que podem ajudar as PAS. Por exemplo, em certos casos de traumas a psicoterapia corporal tem geralmente bons resultados. Cada pessoa deve avaliar em que ponto está da jornada e pedir ajuda se dela necessita. Estimo as suas melhoras,
      Sofia

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