Limites saudáveis: um guia para Pessoas Altamente Sensíveis

Limites saudáveis: um guia para Pessoas Altamente Sensíveis

Devido ao seu alto grau de empatia, um traço comum a muitas Pessoas Altamente Sensíveis (PAS) é a dificuldade em dizer NÃO e estabelecer limites saudáveis na sua vida, sem se sentirem culpados.

  • Já te aconteceu sentires-te constantemente exausto ou cansado, mesmo depois de fazer uma pausa? Isso pode ser um sinal de que estás a dedicar demasiado tempo e energia a outras pessoas ou tarefas.
  • Ou sentires que nunca tens tempo para ti, porque estás sempre ocupado a ajudar os outros ou a cumprir obrigações externas? Isso pode indicar que precisas de estabelecer limites mais claros em relação ao teu tempo e energia, para garantir que também tens espaço para autocuidado e recarga.
  • Ou até sentires-te sobrecarregado emocionalmente porque estás sempre a preocupar-te com as necessidades dos outros, colocando o seu bem-estar antes do teu? Isso pode ser um sinal de que precisas de aprender a priorizar as tuas próprias necessidades.

Já o Steve Jobs (cofundador da Apple Inc.) costumava dizer que Focar-se é dizer NÃO.

No nosso dia a dia quanto mais dizemos SIM quando queríamos responder NÃO, mais cansados e frustrados ficamos. Ao aprendermos a estabelecer limites saudáveis com os outros e connosco mesmos, estamos a evitar situações limites de esgotamento, ressentimento, ansiedade, fadiga ou emoções difíceis.

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De facto, a psicoterapeuta Dra Julie Bjelland, especialista em PAS, refere a importância de tomar decisões tendo em conta a alta sensibilidade, de modo a garantir o nosso bem-estar.

Abaixo partilho contigo 3 passos que podes tomar para começar a estabelecer limites saudáveis na tua vida.

  1. ENTENDE QUE TENS UMA ESCOLHA


    Os limites saudáveis baseiam-se no respeito por si próprio. Significam que conseguimos desenhar uma linha entre “nós” e o “outro” e compreender que temos o direito e dever de fazer uma escolha consciente. Por exemplo, a quem escolhemos dar a nossa energia e como escolhemos tomar conta de nós.

    Não se trata de bloquear a compaixão, isolar-se do mundo ou construir um muro de separação. Trata-se sim, de também nos termos em conta quando tomamos uma decisão e entender que não somos responsáveis por tudo e todos. Ao interiorizar que temos uma escolha, um mundo de possibilidades abre-se perante nós.

    Observa o teu dia-a-dia e entende se de alguma forma estás a renunciar à tua liberdade de escolha. Há alguma situação em que estejas a perder a tua energia porque não sabes estabelecer limites? De alguma forma sentes a obrigação de dizer sempre que sim?

  2. O QUE SENTES AO DIZER SIM?


    Vamos imaginar que nos pedem ajuda e a nossa resposta, sem sequer pensar nas nossas necessidades, é SIM.

    Se depois de dizermos SIM começamos a pensar que na verdade não tenho tempo“, “vou ter de cancelar os meus planos“, “estou a dar mais do que recebo“, “ele nem merece” ou até sentimos uma reação de irritação no corpo, então é porque, na verdade, o nosso SIM era um NÃO.

    Para a próxima, antes de responder experimenta fazer-te a pergunta poderosa:
    — Ao dizer sim, estou a ter em conta as minhas necessidades?

    Com esta simples pergunta podes aprender a reconhecer as tuas prioridades e evitar situações de ressentimento. Escuta o teu corpo e a tua intuição.

  3. É A NOSSA RESPONSABILIDADE


    Por vezes surge a tentação de dizer que SIM a algo, esperando que a outra pessoa repare que estamos a exceder os nossos limites e volte atrás no seu pedido.

    No entanto, há algo de que devemos estar muito conscientes:
    — Os outros não podem adivinhar as necessidades de um sistema nervoso altamente sensível ou as nossas necessidades individuais.

    Por isso, é da nossa inteira responsabilidade estabelecer os limites que garantam o nosso bem-estar.

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Tem em conta que o processo de aprender a estabelecer barreiras saudáveis pode levar tempo. Sê gentil contigo. Não te auto-censures por isso. E, se entrares no transe do não merecimento, pratica RAIN para te libertares desse auto-criticismo.

Quer isto dizer que nunca vamos dizer SIM quando isso vai exceder os nossos limites? Isso vai depender das prioridades e valores de cada um. No meu caso, quando é por uma causa que me é justa eu ainda excedo os meus limites. Mas com muita consciência para não entrar em burn out (o que me sucedeu mais de uma vez por querer ajudar tudo e todos). É a tal liberdade de escolha (consciente).

Estabelecer limites saudáveis deve ser um dos teus focos. Elas são a tua responsabilidade, o teu direito, e a tua maior fonte de dignidade.

Elaine Aron

E tu, tens dificuldade em estabelecer limites? Partilha na secção de comentários a tua experiência.

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6 thoughts on “Limites saudáveis: um guia para Pessoas Altamente Sensíveis

  1. Olá, Sofia.

    Respondendo à pergunta que deixas, sim, tenho alguma dificuldade em dizer não. Por vezes, até é algo inconsciente. Com o entusiasmo aceito muita coisa e, depois de resposta dada e proposta aceite, fico a pensar se deveria ou não ter aceite.

    Atualmente já vou percebendo esta minha dificuldade com outra consciência. Também por ajudas que me foram chegando. E também porque atualmente observo muitas situações a acontecerem na minha Vida que me estão a obrigar, que me estão a dar a oportunidade de dizer “Não”. Além disso, reparo que quando digo que não consigo, algumas vezes, ter esse tempo entre a pergunta e a resposta que me permite pensar o que realmente quero e o que realmente naquele momento é o mais saudável para mim.

    Tenho acompanhado este teu novo rumo pelo campo das PAS e tenho-me identificado com muitas das questões que trazes.
    Estou a ler o livro da Elaine e tentar aprofundar este tema.
    E, por isso, quero agradecer-te.

    Um abraço,

    Ana

    1. Obrigada pelo teu feedback Ana.

      De facto, um dos “truques” para ganhar esse tempo que tu mencionas: “reparo que quando digo que não consigo, algumas vezes, ter esse tempo entre a pergunta e a resposta que me permite pensar o que realmente quero e o que realmente naquele momento é o mais saudável para mim” é responder que “tenho de consultar a minha agenda”, “agora não posso responder mas já te contacto” e assim estamos a ganhar espaço para fazer a nossa avaliação e responder da forma que é melhor para ambas as partes.

      E, já agora: Bem-vinda à jornada da Alta Sensibilidade 🙂

      beijinhos,
      Sofia

    1. Vamos então a meter em prática estas dicas. A mim ajuda-me muito entender que é da minha responsabilidade entender os meus limites e não estar À espera que os outros adivinhem as minhas necessidades como Pessoa Altamente Sensível. Obg pelo feedback Ana, é sempre um prazer “ouvir-te”.

  2. Oi, Sofia!
    Nossa! Como eu queria ter tido acesso a estas informações há mais anos.
    Hoje que eu tenho conseguido estabelecer alguns limites saudáveis.
    Por anos a fio não tinha noção dessa responsabilidade pessoal, acreditando que de alguma forma o outro deveria saber meus limites. Quanta ilusão! Quantas vezes disse sim quando queria dizer não.
    Lendo seu Blog sinto mais coragem para tomar atitudes que me resguardam, respeitando meus limites!
    Gratidão

    1. Obg pela mensagem Leandro.Estamos sempre a aprender nesta Jornada da Alta Sensibilidade.
      Bom caminho
      Abraço, Sofia

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