Crónica de uma PAS: ida ao dentista

Crónica de uma PAS: ida ao dentista

A preparação para um evento é o que pode determinar o sucesso de uma Pessoa Altamente Sensível (PAS) em superar esse desafio.

Já há algum tempo que não me via sentada num cadeirão muito cómodo, de boca aberta para fazer uma extração de um dente. Até porque, tive a sorte de uma herança que me privilegiou com uma dentura muito saudável.

Isto, até que chegou o dia de tomar uma grande decisão em relação a arrancar, ou não, um dente desvitalizado (que começou a causar infeções na gengiva). Ou, como a banda muscial dos Clash diria: should I stay or should I go (devo ir, ou devo ficar,… neste caso o dente, não eu).

E, para uma Pessoa Altamente Sensível (PAS), tomar uma decisão é algo que habitualmente requer muito ponderação (às vezes até demais,… tendo em conta que até para escolher um simples auricular bluetooth posso levar dias a investigar o tema… e quem nunca passou por isso que atire a primeira pedra).

Assim, e como habitual, a minha decisão levou dias a tomar e muita investigação: o que é que os dentistas holísticos dizem a respeito de ter um dente desvitalizado na boca, o que sucede quando se extrai um dente, o que tenho de fazer antes, durante e depois, etc.

Por isso, quando entrei no consultório e disse a um surpreendido dentista-meu-amigo que queria extrair um dente, confortei-o:

— Não te preocupes, eu fiz uma decisão ponderada.


NOTA 1: agora que sei que sou PAS e que um dos dons deste traço é não tomar decisões precipitadas, já faço este tipo de afirmações destemidamente e com muito orgulho.

E passei a explicar todos os pros e contras de todas as outras opções e em como tinha chegado à minha conclusão.
Ainda mais supreendido de saber tudo aquilo ele deu-me razão:

— Sim, se não estás disposta a passar por todo o outro processo é melhor a extração.

E agora entra outro dom da alta sensibilidade: a preparação!

Se não sabes qual a tua pontuação no Teste de Alta Sensibilidade, clica no botão abaixo ou partilha com alguém o teste:

Sim, porque o dia em que entrei naquele consultório não ia indefesa:


(1) tinha aplicado as minhas agulhas semi-permanentes nas orelhas nos pontos de acupunctura relacionados com extração dentária.

(2) Antes, durante e depois da extração, tenho aplicado na minha cara uma pomada natural anti-inflamatória (quem veio o meu workshop de saúde natural, sabe do que estou a falar 😉

(3) Fiz uma mistura de: infusão de erva príncipe + óleo essencial de alfazema + propólis para fazer lavagens bucais de modo evitar uma infeção no local da extração.

(4) Fiz a minha própria fórmula magistral de homeopatia para ajudar na recuperação dos tecidos e aliviar a dor (que incluia arnica, ledum, staphysagria, pyrogenium, hypericum, ruta, etc.).

Ou seja, sim, a preparação foi essencial para dar-me a segurança que esta ida ao dentista não seria um evento traumático e muito menos um trauma.

NOTA 2: de facto, a preparação para qualquer evento é o que pode determinar o sucesso de uma PAS em superar esse desafio.

Quando o dentista me perguntou se queria um analgésico para os dias seguintes respondi:

Não, eu suporto o desconforto porque tenho o meu batalhão de remédios naturais para usar e meu favor. Já chegou a anestesia que vai sobrecarregar o meu fígado.

Despedi-me desejando-lhe um dia feliz e agarrei na minha bicicleta para pedalar de volta a casa.

NOTA 3: cada um decide por si qual o nível de desconforto que pode suportar; no meu caso eu sei o que fazer para o aliviar de forma natural; e sim, os primeiros dias pós-extração foram desconfortáveis, mas suportáveis.

Entretanto e curiosamente, este evento fez a minha mente ir buscar uma memória distante em que eu era adolescente e vivia com a minha avó. Foi um dia de um aniversário meu em que decidi ir ao dentista que achou por bem extrair-me um dente para dar espaço para os outros crescerem (uma barbaridade que era prática corrente nesses dias).

Recordo-me de chegar a casa e passar o meu aniversário sozinha com uma hemorragia que não estancava e de ter de voltar ao dentista.

E a maravilha que aconteceu no presente foi que, em vez de esta extração de um dente me re-traumatizar ao recordar-se desse dia distante, a minha mente decidiu agarrar na ferramenta da “re-parentalidade da minha criança interior” e dizer para mim:

— Estás bem Sofia, agora eu cuido de ti e sei o que fazer. Está tudo bem. Estás segura. Agora sou uma adulta, na altura era uma adolescente que não sabia o que fazer.

Ou seja, em vez de re-traumatizar consegui tirar a carga emocional dessa memória traumática e libertá-la no tempo. Agora é apenas uma memória. Fiz as pazes com esse evento. Que assim seja.

NOTA 4: Esta pequena crónica não tem como objetivo dizer o que deves fazer em relação a um dente, ou até de como cuidares da tua saúde. Tem sim como objetivo partilhar a vida de uma PAS e como é possível superar os nossos desafios quotidianos.

E como cada um está em pontos diferentes da Jornada da Alta Sensibilidade, leva daqui o que te serve de inspiração e o resto podes deixar.

Para quem ainda não leu (ou ouviu) deixo-te aqui o artigo / podcast que te vai ajudar no processo de tomar decisões alinhadas com os teus valores:
— Artigo Alta Sensibilidade: um GPS para tomar boas decisões AQUI
— Podcast Podcast #8 Alta Sensibilidade: um GPS para tomar boas decisões AQUI

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Sofia Loureiro | BSc • MNat • PhD

Terapeuta Natural & Mentora de Pessoas Altamente Sensíveis • Autora • Palestrante

Especializada em Pessoas Altamente Sensíveis Certificação em PAS Nickerson Institute • Terapeuta da Dra Elaine Aron List

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